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Brasil

PF suspeita de desvio de verba sigilosa da Abin para o gabinete de Ramagem

Polícia Federal encontrou durante a investigação do caso da “Abin paralela” US$ 172 mil em espécie na casa do então número 3 da Abin

A investigação conduzida pela Polícia Federal sobre o caso da “Abin paralela” revelou uma série de informações preocupantes, incluindo a associação de US$ 172 mil em espécie encontrados na residência do então número 3 na hierarquia da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) a um possível desvio de verba sigilosa para o gabinete do ex-diretor-geral do órgão e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).

Durante a primeira busca e apreensão realizada no âmbito do inquérito, em outubro, a Polícia Federal encontrou a quantia em dinheiro na casa de Paulo Maurício Fortunato, então secretário de planejamento de gestão da Abin. Um relatório da Polícia Federal obtido pela Folha de S. Pauloindica a hipótese de desvio da verba sigilosa, utilizada em operações de inteligência, como possível explicação para a origem do dinheiro.

A PF baseia-se em dois pontos para fazer a associação. O primeiro é que as notas de US$ 50 e US$ 100 apresentavam o mesmo estado de conservação e estavam divididas em blocos de série distintas, o que, segundo os investigadores, seria difícil de ser obtido por uma pessoa comum, mas possível para instituições.

O segundo ponto é o depoimento de Rodrigo Colli, ex-servidor da Abin e um dos principais envolvidos no caso FirstMile. Colli afirmou, segundo a transcrição feita pela PF, que em 2021 houve um direcionamento de verba sigilosa para o gabinete de Ramagem, o que causou estranhamento interno, já que a direção-geral da agência não participa de operações de inteligência. Colli também mencionou que a verba secreta era utilizada por meio de cartões e que os valores eram sacados em espécie. Ele ainda afirmou ter ouvido na agência que a saída de Fortunato de um determinado cargo ocorreu “em razão de divergência com Ramagem sobre o uso da verba sigilosa”.