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Dores de cabeça: quando é hora de ir ao médico?

Foto: Banco de Imagem

Andreia Costa_Neurologista 

As dores de cabeça que se acompanham de febre, perda de apetite ou sintomas neurológicos devem motivar observação médica imediata

As dores de cabeça são uma das queixas médicas mais comuns em todo o mundo, sendo responsáveis por uma parte significativa de urgências e consultas médicas de Medicina Geral e Familiar e de Neurologia. Frequentemente, as dores de cabeça são sintomas transitórios de stresse, fadiga, desidratação, alteração do sono, tendo resolução com o descanso ou analgésicos comuns. 

Contudo, em alguns casos, podem ser indicadoras de problemas mais sérios, necessitando de uma avaliação médica especializada

As dores de cabeça, também designadas de cefaleias, podem constituir uma doença por si – dores de cabeça primárias. Exemplos são a cefaleia tipo-tensão, a enxaqueca e a cefaleia em salvas.

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enxaqueca, por exemplo, acomete cerca de 15% da população mundial e pode associar-se a grande incapacidade nas diversas esferas da vida do doente. Por seu turno, as cefaleias em salva são dores extremamente violentas e impactantes, que ocorrem por períodos. As dores de cabeça secundárias ocorrem no contexto de outras doenças, sendo uma das expressões dessas doenças. 

Nas causas secundárias, existem doenças relativamente comuns e ligeiras, como a sinusite ou a disfunção da articulação temporomandibular, mas também doenças menos comuns e graves, como as meningites e os tumores cerebrais.

Regra geral, devemos procurar avaliação médica por um neurologista especializado em cefaleias quando as dores de cabeça são frequentes e desconhecemos a sua origem. Nessa altura, o médico, através de um questionário dos sintomas do doente e da sua avaliação física, com ou sem recurso a exames complementares de diagnóstico, definirá a dor de cabeça como primária ou secundária e os passos subsequentes na investigação e no tratamento.

Por outro lado, se alguém com uma dor de cabeça primária, conhecida como uma enxaqueca, nota, sem aparente motivo, um aumento da frequência da dor, uma alteração nas suas características ou uma não resposta à terapêutica analgésica habitual, deve procurar ajuda médica.

As dores de cabeça que surgem de novo em pessoas com doenças oncológicas, sob tratamentos imunossupressores ou que se acompanham de febre, perda de apetite ou sintomas neurológicos – como ver em duplicado, dificuldade em falar ou falta de força – devem motivar observação médica imediata. Além disso, se a dor de cabeça for muito intensa e súbita, “a pior dor sentida na vida”, deve procurar ajuda médica urgente. 

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Acrescenta-se ainda que as dores de cabeça que surgem apenas quando deitados ou quando em pé, ou que surgem de novo após os 50 anos, carecem de uma avaliação médica para diagnóstico diferencial.

O tratamento varia de acordo com o tipo e a causa. Nas dores de cabeça primárias, inclui medicação aguda para alívio da dor e pode incluir também medicação preventiva para diminuir a frequência da dor. As secundárias sinalizam outras doenças e podem ser o primeiro sinal para o seu diagnóstico. Além de medicação para alívio da dor, o tratamento da doença de base é importante para a resolução ou a estabilização das queixas de dor de cabeça.

Nos últimos anos têm surgido inúmeros avanços no tratamento preventivo da enxaqueca, como é o caso dos anticorpos monoclonais e da aplicação de botox, entre muitos outros tratamentos eficazes. O mais indicado é consultar um neurologista diferenciado em cefaleias para avaliação e indicação de tratamento em cada caso.