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Política

Com Abin paralela, Bolsonaro espionou políticos, ministros do STF e jornalistas, diz PF

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Servidores do Ibama e da Receita Federal estão na lista de pessoas monitoradas ilegalmente, aponta relatório

Políticos, ministros do STF, jornalistas e servidores púbicos foram espionados durante o governo do presidente Jair Bolsonaro em esquema que ficou conhecido como Abin paralela.  É o que aponta investigação da Polícia Federal. Detalhes foram divulgados nesta quinta-feira (11), depois que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo da mais recente fase da Operação Última Milha – que, desde 2023, investiga o possível uso ilegal de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar autoridades e desafetos políticos no governo Bolsonaro (PL).

Do Poder Judiciário, teriam sido espionados os ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux. Já a lista do Executivo inclui o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o deputado Kim Kataguiri (União-SP) e os ex-deputados Rodrigo Maia, que foi presidente da Câmara, Joice Hasselmann e Jean Wyllys (PSOL). E os senadores: Alessandro Vieira (MDB-SE), Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), que integravam a CPI da Covid no Senado. Do Poder Executivo, o alvo foi João Doria, ex-governador de São Paulo. Já dentre os jornalistas espionados estão Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.

Segundo as apurações da PF, essas pessoas foram alvo de ações da Abin paralela, que, inclusive, criou perfis falsos e fez a divulgação de fake news.

A Polícia Federal também observa que houve uma “instrumentalização” da Abin para monitorar pessoas relacionadas às investigações que envolvem familiares do ex-presidente Jair Bolsonaro. Um dos casos envolve uma investigação sobre Jair Renan Bolsonaro – o filho 04 do ex-presidente, a PF – verificou o monitoramento de Allan Lucena, ex-sócio de Jair Renan, e Luís Felipe Belmonte.

Também foi identificada atuação do deputado Alexandre Ramagem – que, na gestão Jair Bolsonaro, chefiou a Abin – para abrir um procedimento administrativo contra auditores da Receita Federal, com o objetivo de anular a investigação contra Flávio Bolsonaro e retirar os servidores da Receita de seus cargos.