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Cotidiano

Justiça ouve mais 17  testemunhas do “massacre de Paraisópolis”

Dois moradores de Carapicuíba estão entre os 9 mortos em ação da PM durante baile funk no bairro da Capital paulista, em 2019. Depoimentos vão definir se policiais vão a júri popular

A justiça paulista começou a ouvir nesta sexta-feira (2) novas testemunhas do chamado “massacre de Paraisópolis”, como ficou conhecida uma ação da Polícia Militar em um baile funk no bairro da Capital, em dezembro de 2019, que terminou com 9  jovens mortos.

Dentre as vítimas, estão dois moradores de Carapicuíba. Mateus dos Santos Costa morava sozinho na cidade e trabalhava vendendo produtos de limpeza. Aos finais de semana, costumava frequentar baile funk em Paraisópolis. Esse era o mesmo destino de Eduardo Silva, ajudante de oficina que morava com a família na cidade e deixou um filho de 3 anos à época.

Ao todo, 17 testemunhas de defesa deverão ser ouvidas na 5ª audiência do caso no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste. Os réus respondem em liberdade e essa etapa do processo servirá para a Justiça definir se eles serão levados a júri popular.

Os agentes da Polícia Militar (PM) respondem por homicídio por dolo eventual de nove jovens (por terem assumido o risco de matá-las quando as encurralaram num beco em Paraisópolis) e lesão corporal na mesma modalidade eventual de 12 vítimas (por assumirem o risco de feri-las).

Na primeira audiência, em 25 de julho do ano passado, foram ouvidas nove testemunhas de acusação e uma comum às partes. A segunda audiência ocorreu em 18 de dezembro de 2023 com a participação de três testemunhas, sendo duas pesquisadoras e consultoras forenses e a terceira, protegida. Na terceira audiência, em 17 de maio de 2024, a Justiça ouviu mais dez testemunhas. E na quarta audiência, em 26 de junho, foram ouvidas mais cinco testemunhas.

Segundo a Defensoria Pública, as famílias das vítimas já foram indenizadas pelos assassinatos cometidos pelos PMs. Os pagamentos ocorreram em 2021 por determinação do governo de São Paulo após representação do órgão.

Relembre o caso

Na noite da ocorrência,  agentes da Polícia Militar entraram em Paraisópolis e encurralaram as vítimas num beco sem saída, provocando as mortes de nove jovens. Dentre eles, oito morreram por asfixia e um por traumatismo, de acordo com laudo da perícia da Polícia Tecnico-Científica. Nenhum dos mortos morava no bairro. 

Os PMs alegaram que perseguiam dois suspeitos de roubo que estavam em uma moto — que nunca foram encontrados. Disseram ainda que as vítimas morreram acidentalmente ao serem pisoteadas após um tumulto provocado pelos bandidos.