Neste fim de semana, começou a circular na rede vídeo de Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), com declarações polêmicas sobre o STF (Supremo Tribunal Federal). No vídeo, Eduardo Bolsonaro diz que “bastam um soldado e um cabo para fechar o STF”.
A declaração foi em resposta a uma pergunta da plateia sobre qual seria a reação do Exército no caso de impugnação da candidatura de Bolsonaro. Foi o suficiente para ele afirmar: “O pessoal até brinca lá: se quiser fechar o STF você não manda nem um Jipe, manda um soldado e um cabo. Não é querendo desmerecer o soldado e o cabo. O que que é o STF? Tira o poder da caneta de um ministro do STF, o que que ele é na rua?”, questionou.
De acordo com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), “declaração de Eduardo Bolsonaro cheira a fascismo”. O vídeo foi gravado em julho deste ano durante um curso para agentes da polícia federal.
O ministro Celso de Mello, do STF, classificou que a afirmação do deputado é “inconsequente e golpista”. Disse ainda que o fato de Jair Bolsonaro ter tido uma votação expressiva nas eleições – ele recebeu quase 2 milhões de votos – não legitima “investidas contra a ordem político-jurídica”. O magistrado, que é decano do STF, enviou declaração por escrito ao jornal Folha de S.Paulo e pediu que o texto fosse publicado na “íntegra e sem cortes”. Declaração pode ser conferida na Folha online.
Já a ministra Rosa Weber, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), disse que a magistratura se mantém firme. “No Brasil, as instituições estão funcionando normalmente. E juiz algum do país, juízes todos no Brasil [que] honram a toga, se deixa abalar por qualquer manifestação que eventualmente possa ser compreendida como conteúdo inadequado”, afirmou à Folha de S.Paulo.
O candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), usou a mesma desculpa de sempre, de “que o vídeo foi usado fora de contexto”, o que pode ser facilmente contestado, e o próprio Eduardo Bolsonaro pediu desculpas pelas declarações.
Para o professor Marco Antonio Villa, comentarista político, que falou à Jovem Pan News, a declaração de Eduardo Bolsonaro é “totalmente inconsequente”. Para ele, não adianta dizer que a fala foi tirada de contexto e pedir desculpas. “Esse rapaz foi eleito com mais de um milhão de votos, ele é filho do provável futuro presidente do Brasil, e isso é muito problemático. A fala dele não foi tirada do contexto. Podemos conferir o vídeo novamente. Essa fala lança um alerta a todos nós”, disse.
Em ato de campanha no Maranhão, Fernando Haddad afirmou neste domingo que Eduardo Bolsonaro ameaçou fechar o STF com uma intervenção militar. Ao comentar o vídeo, ele foi duro e categórico. “Esse pessoal é uma milícia. Não é um candidato a presidente. É um chefe de milícia e os filhos dele são milicianos. São capangas. Gente de quinta categoria”, afirmou.
Outra polêmica
No último dia 15, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Carlos Horbach determinou a remoção de links em postagens no Facebook e no YouTube em que Jair Bolsonaro se refere ao “kit gay” proposto por Fernando Haddad (PT) nos tempos em que foi ministro da Educação. Ele atendeu a um pedido da defesa do petista, que alega que a informação seria “sabidamente inverídica”.
Nos vídeos, Bolsonaro critica o livro “Aparelho Sexual e Cia.” e diz que a obra foi distribuída a escolas públicas para crianças de 6 anos no período em que o candidato do PT, Fernando Haddad, comandava o Ministério da Educação. Ele afirma ainda que o livro integra o programa Escola sem Homofobia e estimula as crianças a se interessarem por sexo precocemente, sendo “uma porta aberta para a pedofilia” e “uma coletânea de absurdos”. Por mais de uma vez, no entanto, o Ministério da Educação negou a aquisição dos exemplares e a implementação de tal programa.
Na decisão, Horbach ressaltou que o projeto “Escola sem Homofobia” não chegou a ser executado pelo Ministério da Educação, “do que se conclui que não ensejou, de fato, a distribuição do material didático a ele relacionado. Assim, a difusão da informação equivocada gera desinformação no período eleitoral, com prejuízo ao debate político”, escreveu o ministro.
Em entrevista ao “Jornal Nacional” no dia 28 de agosto, Jair Bolsonaro apresentou o livro e afirmou que este fazia parte das obras distribuídas pelo MEC na gestão de Haddad, o que não se configura verdade.
Para mais informações, acesse o site do Sinprosasco: www.sinprosasco.org.br.
Texto: Jucelene Oliveira e Diretoria do Sinprosasco